quinta-feira, 24 de maio de 2007

LIBERDADE DAS PALAVRAS






Já no vento me fui embora
porque esperava
que me parassem
fizessem voltar atrás
e não me fosse embora

não funcionou
a estratégia que era simples
não funcionou

perderam-se as palavras
comunicação desnecessária
para tão milhares de fotogramas
por hora e dia e mês e anos
e séculos

só o espanto fica no segundo

naquele espaço de
não sei que dizer
é demais para mim
não tenho palavras
não tenho palavras

palavras para quê
palavras palavras
leva-as o vento
e para lá das ditas
e concretas palavras
o que resta quando resta
é o mistério de haver
palavras por descobrir
tantas palavras
que
davam
para
ficar
eternamente
a dizer
a escrever
a debitar

sonhos quentes
quimeras vãs
sonetos d'outros tempos
memórias da noite
todas as manhãs

davam
e dão

quando
a gente quer
e elas

deixam

1 comentário:

Anónimo disse...

É bonito ver palavras ao vento.
Mas a imagem parece morta...
É de propósito????

joana