quinta-feira, 10 de maio de 2007

AS ÁRVORES



&

AS PESSOAS


Nunca o saberei. É difícil adivinhar o que vai na alma do outro.
Somos pessoas vivas. Temos sentimentos. Sentimos frio, medo e fome.
Somos de carne, osso e sangue. Apesar do volume d’água.
Provavelmente, por isso. A água é primordial. O fogo também.
Nunca o saberei. Talvez por tudo isso e outras coisas mais.
Onde se esconde a água, o sonho, o mais profundo mistério da vida?
Não há razão para a esperança. Adivinho-lhe apenas o sentido...
Os tempos que correm não são da nossa natureza. Apresentam-se
calculistas, previstos, enumerados. São da Era do Insensível,
Programada e Operacional. Simplesmente, e em nome da mão,
quando a energia falha, não funciona.
É essa a diferença. A máquina depende da electricidade; o eu-pessoa depende,
apenas e só, da sua própria energia.
Nem destino, nem promessa. Em cada dia que nasce, é a capacidade
de sonhar que comanda a vida. É o querer enorme e magnífico que emerge
do silêncio e marca a identidade dos movimentos.

*
As árvores são seres vivos. Agitam-se, crescem e dão flores, quando é esse
o seu destino, ao ritmo do tempo.
As pessoas crescem, movem-se, ausentam-se, agitam-se e, até, fogem,
de acordo com as circunstâncias.

*
Não há razões para duvidar das pessoas.
Mudam de morada. Esquecem-se de o comunicar.
Sonham o melhor dos mundos.
Esquecem-se de o procurar. E, um dia, morrem.
As árvores, pelo menos, não fogem. Quando morrem, morrem de pé.
E não se nota tanto!

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