quarta-feira, 11 de julho de 2007

EM LOUVOR DO ACASO E DO ESPANTO


Pormenor de foto de telas sobrepostas
por um mero acaso.



(para o Manuel Anastácio, sem acaso.)




O ESPANTO




Há coisas que não deixam de nos espantar.
Não conseguir dormir (vá lá saber-se o seu porquê),
não resistir àquele filme do Alfredo, do François,
do Roman, do Bresson, da Duras e mais mil nomes
que não me ocorrem.
Voltando ao importante, por agora,
há coisas que não deixam de nos enpantar.
Um record mundial em apenas cem metros,
mesmo que seja numa piscina,
ou um 470 português que sabe velejar
como eu não imagino.
Mas voltando ao mais importante do importante,
o espanto é termos mãos
e capacidade para cozer o barro
e fazer viagens a marte e arredores
e querermos mais e mais ainda
sempre como nos fica bem
e acreditar que é possível transformar
este mundo infeliz (fica bem e devemos)
devemos afirmar todos os dias
a humildade de sermos humanos e reais
com capacidade de sonhar pois sonhar
todos os dias
todos os dias
todos os dias
até ao suspiro final.





(Sem nenhum amen, please!)

1 comentário:

Anónimo disse...

Grande Joaquim. Bem hajas! Creio que é a primeira vez que alguém me dedica um poema (bem - pensando bem, não é a primeira vez, mas os outros tinham carácter íntimo... se bem entendes).

Vou tentar responder com a mesma moeda. Descobri agora a grande falta que cometi ao não ter posto o link para a tua púcara a partir da minha Condição - mas fá-lo-ei já a seguir.

Abraço grande - e peço imensas desculpas por só agora ter descoberto o poema - é que, sabes, não tenho tido tempo sequer para olhar o céu.

Abraço grande