quinta-feira, 8 de maio de 2008

UMA TELA

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Ficha Técnica



Título: TIME
Autor: Joaquim Alves
Assinatura: Manus
Técnica: Acrílico sobre tela, com colagem
Dimensões: 120x120 cm
Data: 1995
Propriedade: Coleccionador Particular

Notas: Homenagem a Sonia e Robert Delaunay,
casal amigo do nosso Amadeo de Souza-Cardoso,
nascido em Manhufe (Amarante), em 1887,
e um dos nossos primeiros modernistas.
Viveu em Paris, no início do século vinte,
onde conheceu muita gente do movimento,
e veio a morrer - jovem - de gripe pneumónica
(tb conhecida como "gripe espanhola"),
na sua terra natal, em 1918.

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Muito mais haveria a dizer, mas ficam estas dicas,
para que - quem quiser - descubra o nosso Amadeo,
que amigo também foi de Amedeo Modigliani,
nascido em Livorno (1884).




terça-feira, 25 de março de 2008

MORREU MAIS UM POETA





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AO POETA DO AMOR E DA LUTA
ANTÓNIO GOUVEIA
(Na Blogosfera: António Melenas)




já não sou eu
que aqui estou

faltas cá tu
falta-me
um bocadinho
de mim
já não sou eu
que cá estou

continuarei
sim continuarei
a escrever-te
cada vez
mais baixinho
e em tom lento

que a vida
se é caminho
só mesmo
exaltada fica
quando lutamos
com o amor
que revelaste

já não sou eu
que estou
por aqui
faltas cá tu
por inteiro




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Para ouvir textos de António Melenas, na voz de Luís Gaspar,
aceda a:
Standard Podcast [16:20m]: Hide Player | Download
em
http://www.estudioraposa.com/index.php/18/03/2008/
lugar-086-antonio-melenas/
e em:
http://www.estudioraposa.com/index.php/11/01/2008/15

quarta-feira, 12 de março de 2008

BLOG

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Citando-me
atropelei-me
fui parar ao hospital

operaram-me

depois
atropelaram
o médico




quarta-feira, 5 de março de 2008

MÁGOAS DO TEMPO



Para
Simone de Oliveira

Hoje, pedindo desculpa por esta interrupção,
Tenho que falar da Simone. Da nossa Simone.
Portuguesa de Gema e de Gama, cantora, setenta anos de idade,
intérprete de mil textos de poetas grandes da mal estimada língua
portuguesa, mãe, amante, avó, além de fonte de milhões de emoções,
comemora, agora, cinquenta anos da sua carreira artística.
O texto que se segue é para SIMONE DE OLIVEIRA,
Mulher-coragem à portuguesa.

Mágoas do tempo

Olho para ti
e vejo
a tua alma

dorida
sofrida
maltratada

olho para ti
e
choro
baixinho

Este texto foi-me enviado pelo Joaquim Alves e porque estou com ele na admiração pela Simone aqui faço das dele, as minhas palavras.

Luís Gaspar, in
http://www.truca.pt/fofocas.html

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

EXPOSIÇÃO DE PINTURA

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ENSAIOS

Este o título da exposição
de Joaquim Alves que,
neste momento,
se encontra patente ao público,
em Monte Abraão (Queluz)
no Café/Restaurante O REBELO,
Rua Ruy Belo,
próximo da Avª da República.

Ver para crer.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

A ARTE DE COMUNICAR





BARCELONA, Colagem e técnica mista sobre papel, @ joaquim alves, 2006


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Uma homenagem aos produtores de comunicação.





domingo, 6 de janeiro de 2008

REPOSIÇÃO




DA ALMA
tantas vezes
parva





As pedras brancas da calçada da minha rua
são brancas porque a chuva as lavou.
As pedras brancas da calçada da minha rua
são brancas porque o vento as poliu.

As pedras brancas da calçada da minha rua
são brancas porque a neve as cobriu.
As pedras brancas da calçada da minha rua
são brancas porque o sol assim as tornou.

As pedras brancas da calçada da minha rua
são brancas porque sangue quente
corre ainda nas veias dos homens.


**


Morrer devia ser assim:
lavar a cara com areia fina
e mergulhar no mar adormecido.


**

Não havia memória.
Havia chão.


**

Levei as minhas mãos ao teu rosto.
Levei as minhas mãos às tuas mãos.
Levei as minhas mãos ao teu corpo.
E tu sorriste.
Os milagres que as mãos fazem!



**


Roubei girassóis da varanda da casa da minha tia.
Roubei-os, mas com ajuda!
Comigo foram o Almada e o Régio,
o Eugénio e o Fernando.
Um assalto, sem cúmplices,
nunca seria verdadeiro e credível.
Trepei pelo granito,
segurei-me às ripas,
arranquei as plantas,
e atirei-as para baixo.
Tudo isto,
enquanto a minha tia dormia.
Almada ficou com três.
Se não me engano, o Régio com duas.
O Fernando apanhou a outra.
O último girassol trouxe-o comigo.
Ainda o guardo como recordação.
Quem pode colocar ordem,
nesta minha confusão,
é o Zé Gomes que tudo fotografou.
A claque também não faltou.
Presentes: o Alexandre, o Ary
e a Natália; Dinis, Florbela e Garrett.
Estes que nem convidados foram!
Juntaram-se alguns populares,
por vontade própria e espontânea,
mais uns tantos estrangeiros que,
por ali, turismo faziam.
Os jornalistas avisados não foram.
Mas houve reportagem,
três semanas depois,
num qualquer diário da capital.
Era uma sexta-feira quaresmática.
Disso recordo-me,
de acordo com o calendário
da Magna e Santa Igreja Católica.
O Belo assegura-me que esteve
um lindo dia de sol.
Não me lembro...
Sei que desci, colocando os pés
nas pedras por onde subi.
Eram-me tão familiares,
como as minhas mãos.
Girassóis roubei da varanda
da minha tia.
E ela perdoou-me,
quando lhe disse que era
para o Vicente os pintar.
Roubei girassóis para Van Gogh.
E guardo ainda
um original da série,
em casa da minha tia.
Se vale milhões, não sei.
Tudo é, quase sempre,
pouco mais que nada.


**

Por que não podemos apagar as palavras,
fazer delas um incêndio, uma inundação…
Depois, escrever tudo de novo
com nomes que não soubemos nomear
e imagens que inventar não pudemos.
Tudo mais e mais verdadeiro.
Por que não podemos rasgar a carne,
os ossos, os olhos, para podermos dizer,
ao menos uma vez na vida:
Viva a página.
Viva a mão.
Vivam os dias.


**


Por um pouco mais de sonho,
azul como esta tinta que uso;
por um pouco mais de vida,
darei todo o oiro que não tenho,
aquela imensa força de luta,
o meu coração e vontade.
Por um pouco mais de azul,
Lisboa pode servir de troca;
porque a minha pátria não é
a língua portuguesa.
A minha pátria não é aqui,
onde moro ou trabalho.
A minha pátria (querem saber?)
é tudo em que acredito.



@private/outubro 20007
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